terça-feira

Empresas calçadistas investem em técnicas e materiais ecológicos

Confira as novidades de empresas calçadistas brasileiras que cada vez mais tentam minimizar o impacto ambiental de suas produções.


ELIS MARTINI31 DE MARÇO DE 2011, 8H01
Uma das maiores preocupações da indústria calçadista hoje em dia é a poluição com o meio ambiente. O curtimento do couro, que envolve diversas substâncias tóxicas como o cromo e o chumbo, está entre uma das atividades mais poluidoras da atualidade. “A atividade de curtimento de couro é um processo industrial que gera um efluente líquido onde está presente uma alta carga orgânica e química.


Este efluente, se não tratado, implicará em uma alta carga poluidora, podendo causar a poluição de águas superficiais, subterrâneas e o solo com consequências para qualidade das águas, flora e fauna do local” explica Renato das Chagas, chefe da Divisão de Controle de Poluição Industrial da Fepam (Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler). Pensando nisso, diversas empresas vêm investindo em novas tecnologias para ajudar a preservar o planeta.


Uma das técnicas que minimiza esse impacto é o processo de curtimento do couro com plantas. No lugar de produtos químicos à base de cromo e chumbo, são usados vegetais amazônicos como o araçá e a arueira, que não deixam resíduos tóxicos. O couro tratado com esse tipo de processo fica com a aparência mais rústica e não tão lisa quanto o couro tradicional. “Várias empresas estão adotando essa técnica, é uma tendência mundial”, explica Renata Oliveira, designer da marca Smartbag, de São Paulo. “Além disso, o custo não é muito mais alto que o processo usual e o produto final não fica caro. Esse diferencial gerou um aumento significativo nas nossas vendas”, completa Renata.


Esse procedimento também é utilizado pela marca de sapatos Albarus, de Franca. Além disso, os produtos possuem sola de borracha e são inteiramente biodegradáveis. “Acompanhamos a evolução do mercado e da sociedade. E nosso público se preocupa com a natureza”, explica Helder Luiz de Caravalho, sócio da Albarus.


Dando um passo à frente na sustentabilidade, a Piccadilly não só livrou seus produtos do cromo e dos químicos como deixou de utilizar qualquer matéria prima de origem animal, produzindo sapatos conhecidos como veganos. Desde o início da década de 1990, a empresa gaúcha de Igrejinha substitui o couro por um poliuretano ecológico de origem mineral importado da Europa. “O material não é tóxico e quando descartado ele se decompõe e serve de adubo. Chumbo e cromo são proibidos na Piccadilly”, explica Tibúrcio Aristeu Grings, diretor de desenvolvimento.


A empresa também utiliza adesivos à base de água (sem solventes em sua composição) e recicla boa parte dos seus resíduos. “A preocupação ambiental é um dos grandes diferenciais que nos faz exportar para mais de noventa países”, completa Grings. O retorno desse tipo de ação, além de lucrativo, faz muito bem ao planeta.

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